Parada, sentia o coração a querer sair-lhe do peito. O vulto deu um passo em frente, e ela esgueirou-se pela porta correndo, chega ao corredor e dirige-se rapidamente ao hall, vira o puxador da porta, mas não abre, tenta com mais força, sacode-o, tenta ainda com mais força, mas não consegue, está fechada. Ao fundo do corredor começa a ouvir passos, a tentativa de abrir a porta torna-se desajeitada, frustrada e desesperada. Os passos aproximam-se, as lágrimas correm-lhe a cara e ela grita. Ela olha em direcção ao som dos passos e vê nuances a moverem-se no escuro, então corre em direcção à cozinha, começa a abrir as gavetas - abre gavetas, fecha gavetas - os passos continuam a aproximar-se lentamente, sente-se cada vez mais presa.
Os passos chegaram. Pararam perto da porta, ela olhou-o. Ele dirigiu-se a ela contornando a mesa, ela, encostada a um armário, olhava-o com medo. Ele chegou-se perto dela agarrou-a pela cintura, ela contorcia-se obrigando-o a agarrar-lhe as mãos, dominando-a. Encurralou-a contra o armário com o seu corpo, com uma mão a segura-la contra si, arrancou-lhe a camisa com um só gesto. Podia agora vislumbrar as formas redondas do corpo nu dela, afastou-lhe os cabelos loiros desnudando os ombros, começou por beija-los, acariciava o corpo que se torcia a tentar desesperadamente livrar-se daquele infernal abraço.
Sentia o calor dele, o suor dele contra a sua pele. As mãos rugosas e calejadas tocavam-lhe, apalpavam e controlavam o desvairado corpo.
Ouviu-se o som da braguilha a abrir-se, agarrou-lhe as pernas e abriu-as, conduzindo com a mão o desgovernado e tenso orgão sexual, entrou dentro dela. Sentiu-a contorcer-se.
Ela apoiava-se no armário com as mãos no mármore frio. As mãos, que tremiam ou por prazer ou por dor, derrubaram a chávena de café na superfície lisa e branca.
O homem, alto, movimentava-se com mestria e força. Enquanto a penetrava as suas mãos arranhavam as costas bronzeadas dela, deixando-as em sangue, ela gritava. Tapou-lhe a boca com uma mão e agora ainda com mais força movimentou o seu corpo contra o dela fazendo aparecer na cara dela expressões de dor e de desespero.
Tentava bater-lhe, em vão. O musculoso corpo continuava o movimento mecanicamente.
Tentava de novo apoiar-se no armário. À medida que as mãos tacteavam a superfície deparou-se com um pano, e reparou que tinha algo por baixo. Era uma faca.
Empunhava agora, na sua mão direita, uma faca. Agarrou-a bem, elevou-a e desferiu um único, profundo e demorado golpe no pescoço dele. Enterrou a faca no pescoço dele de maneira a nem se ver a lâmina, precisou da outra mão para ajudar a empurrar ainda mais um bocado a faca pele adentro, enterrando ainda um pequeno pedaço do cabo.